sábado, 9 de maio de 2015

Sua Excelência o PMDB



Quem governa o Brasil é o PMDB há pelo menos 30 anos. Tudo começou com a derrota da Arena em novembro de 1976. Em abril do ano seguinte, Presidente Geisel, antevendo o fim da aura democrática que tentava camuflar a ditadura militar por causa da vitória do então MDB, lançou umpacote que culminou com o cancelamento das eleições de 1978. Se não fizesse isso, teria de fechar o Congresso e admitir universalmente o que era o regime brasileiro. O tal Pacote de abril limitou o número de deputados a quinze no míniimo e a 60 no máximo, ficando proporcional ao número de habitantes de cada estado nesse intervalo. Aconteceu que estados totalmente desabitados como Roraima e Amapá passaram a contar com quinze deputados, enquanto São Paulo limitou-se aos sessenta. Foi a partir daí que o sotaque nordestino ficou preponderante em Brasília, influenciando os hábitos, iinclusive os alimentares. No centro do Planalto Central encontram-se restaurantes de pescado entre os melhores do país, graças ao gosto dos nordestinos litorâneos que formam a maioria na Câmara, seus famíliares e assessores.
No mesmo pacote, foi criado o “senador biônico” que era “eleito” por voto indireto tal que passaram a ser três por estado, sendo o terceiro basicamente nomeado pelo governo, garantindo maioria da Arena no Senado. Em rede nacional, Geisel disse: “Se não posso governar com o sul, governarei com o Nordeste”. Essas distorções poderiam ter sido corrigidas na promulgação da CF88 mas, ao contrário, perpetuaram-se.
A ascenção do MDB – posteriormente PMDB – deveu-se à  classe média que começava a clamar pela democracia, clamor este que transbordou o ciclo dos intelectuais e cresceu até 1984, quando por eleiç´~ão indireta, Tancredo Neves tornou-se o presidente pelo PMDB. Desde então, esse partido nunca mais saiu do governo, formando sempre o vice, independentemente de quem estivesse no poder. A posição de iminência parda é a mais confortável que pode existir politicamente. Governa, aprova os erros e não figura como culpada. A máxima de que “Ninguém governa sem o PMDB” está na boca de todos os congressistas, jornalistas e historiadores. É por isso que esse partido é corgejado pela situação e pela oposição. Foi por Collor, e seu PRN, pelo PSDB de FHc, pelo PT de Lula e agora encontra tapetes vermelhos estendidos na casa do PSDB ou de qualquer partido que almeje o poder.  É o que mais concentra bancadas como a evangélica. A estória desse partido deveria ser alvo de estudos em História e Ciência Política.

Um comentário:

  1. Apenas uma correção quanto ao "Pacote de Abril". O mínimo e o máximo de deputados federais por estado era, respectivamente, 6 e 55 - não 15 e 60. A manobra foi feita para favorecer a Arena, bem votada nos rincões, e prejudicar o MDB, que crescia em São Paulo.

    Mas onde a porca torceu o rabo mesmo foi na constituinte. Manteve-se a regra casuística, agora com um mínimo de 8 deputados e um máximo de 60 para cada unidade da federação. Se as unidades da federação são representadas no Senado, cada uma por 3 senadores, a Câmara deveria representar o povo, e manter a paridade com a população de cada estado. Infelizmente, a distorção do Pacote de Abril se perpetuou. Com isso, e até hoje, os estados menores são sobrerepresentados, e SP fica infrarepresentado. Ou seja: o voto de um paulista vale uma fração do voto de um acreano...

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